
O município de Natal declarou que vive uma epidemia de dengue após constatar um aumento de 1.566% de casos da doença no período de janeiro a abril desde ano. Diante desse cenário, a prefeitura decidiu instalar um gabinete de crise com foco em ações para conter esse avanço. Em entrevista à TV Tropical nesta quinta-feira (12), a diretora do Departamento de Vigilância em Saúde, Vaneska Gadelha, explicou as ações a serem adotadas na capital.
“Os casos de dengue refletiram no adoecimento da população. Além disso, Natal tem uma vigilância entomológica bastante desenvolvida, que consegue detectar bairro a bairro o crescimento vetorial, isto é, o crescimento de mosquitos em toda nossa cidade. Esses dois fatores acabaram desencadeando a necessidade do gabinete de crise”, explicou Vaneska. Somente neste ano, Natal já registrou 2.966 casos de dengue. No mesmo período de 2021 foram 192 pacientes com a doença. Com relação à Chikungunya, esse número cresceu de 39 no ano passado para 176 neste ano; e zika, de nove para 13.
De acordo com a diretora, para declarar a situação de epidemia, o departamento de Vigilância em Saúde leva em consideração três pontos referenciados pelo Ministério da Saúde: a incidência de casos por três semanas consecutivas, a taxa de notificações por 100 mil habitantes e o número crescente de busca e atendimento nos postos de urgências. “
Diferente dos outros anos, Natal consegue hoje, pelo monitoramento padrão ouro, acompanhar, de forma muito individual, bairro a bairro, os focos do Aedes aegypti, bem como o consequente aumento de casos. O primeiro alerta de foco ocorreu no bairro de Pitimbu, local que precisou receber as primeiras ações de contenção. Por lá, encontramos uma predominância de pneus descartados de forma indevida e gerou os focos do mosquito. E essa acaba sendo uma realidade em todo o nosso território”, acrescentou Vaneska Gadelha.
O gabinete de crise, que já existia desde 2018, foi reativado. Além da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), ele conta com a participação da Companhia de Serviços Urbanos (Urbana), a Secretaria de Obras e Infraestrutura (Semov), a Secretaria de Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb) e a Secretaria Municipal de Educação (SME).
“A criação do gabinete de crise é pensado com foco no que a Prefeitura de Natal pode fazer em prol do não adoecimento da sua população. Então são todas as secretarias do Município unidas, junto à Saúde, para que consigamos encontrar melhores estratégias de monitoramento pela cidade e também do não acúmulo de água em todas as situações – seja ela dentro da casa do morador e isso é responsabilidade dos agentes de endemias, ou na situação de vias públicas”, explicou a Gadelha.
Ainda segundo a diretora da Vigilância em Saúde, as estratégias serão pensadas e adotadas semanalmente pelo gabinete de crise. Neste primeiro momento, o Município está intensificando a visita casa a casa dos agentes de saúde, aplicação de inseticidas com auxílio dos equipamentos portáteis conhecidos como UBVs, além de atuação dos carros fumacê, em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap). “Deixo o apelo para que a população deixe os agentes de saúde entrarem em suas residências e fazer a inspeção adequada, bem como a orientação quanto aos cuidados que devem ser tomados. Lembrando que o carro fumacê é o último ponto de etapa. Antes disso, é preciso cortar a cadeia de produção em longo aspecto”, disse a diretora.
Como alerta, ela orientou que a população visite o quintal e verifique locais em que se tenha água acumulada, bem como depósitos em potencial para criadouros do mosquito. Atualmente, em cada 10 casas visitadas pelos agentes de saúde na capital, sete possuem focos de dengue.